quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O mundo das crianças

A vida é uma estrada a ser percorrida, ao longo do tempo. Este percurso começa a ser feito a partir do nascimento, dado que, antes, a criança, em gestação, cresce com toda a segurança que a natureza lhe assegura. Para todos, na verdade, “a luta pela vida” inicia com o impulso da natureza, expelindo a criança para fora do ventre materno, ato para o qual concorrem a ativa participação da mãe, com as dores do parto, e a assistência de parteiros e obstetras. Nesse sentido, não deixa de ser sintomático o choro do bebê em seu primeiro contato com o mundo exterior, numa demonstração de que “a luta pela vida” terá muitos desdobramentos; todavia, a criança conta com as potencialidades da própria natureza para enfrentar e vencer os desafios da vida, na medida em que tenha sido gestado em condições normais e seja assistido com os meios adequados ao seu desenvolvimento.
Nada melhor para a criança, mais gratificante para a família e mais seguro para a sociedade do que o desenvolvimento harmônico da personalidade, desde os primeiros anos de vida. O aconchego do lar e o amparo da sociedade são fatores que contribuem, preponderantemente, para uma boa qualidade de vida da criança, no início e durante todo o processo de seu desenvolvimento físico, psicológico e espiritual. De imediato, quem faz a melhor leitura a respeito da qualidade de vida da criança, com certeza, é sua família, independentemente do nível de sua formação intelectual; de fato, encontramos famílias que educam seus filhos de forma esmerada, mesmo tendo limitados conhecimentos intelectuais; no entanto, a falta de conhecimentos elementares a respeito do tratamento adequado à criança tem implicações muito negativas no seu desenvolvimento, como testemunham animadores da Pastoral da Criança e agentes da Saúde Pública.
A esperança é uma qualidade inerente ao mundo das crianças porque nelas o presente carrega consigo o futuro, mais próximo ou mais distante, em elementos importantes em sua vida, como crescimento, formação, direitos. As crianças têm o horizonte diante de si. Todavia, este horizonte se apresenta de uma maneira muito alvissareira para umas crianças e profundamente cruel para outras, de conformidade com as condições de vida na família e no grupo social de pertença. A segurança começa dentro do próprio lar, ao proporcionar-lhe condições favoráveis de vida; a insegurança, a que muitas são submetidas, ao nascer, em razão das precárias condições de vida familiar, revelar-se-á, negativamente, de muitas maneiras. Sabemos que a natureza dotou as crianças de grande potencialidade para enfrentar o dia a dia, porém nelas é muito visível a sua fragilidade.
A família, a sociedade e os governantes têm papéis comuns e próprios, em relação às crianças e seus direitos, na linha da humanização, da socialização, da assistência social. Há conquistas relevantes nessa direção, a exemplo da educação básica oferecida pelo Poder Público, com o crescimento da matrícula, merenda e transporte escolar para a população mais carente. Porém, a não universalização da educação básica tem graves conseqüências sociais no campo e na cidade, haja vista o inaceitável quadro do trabalho infantil e o retrato exposto dos “meninos e meninas de rua”.
Infelizmente, há reflexos muito negativos na vida das crianças em decorrência da desagregação familiar e da ineficácia de políticas públicas em aspectos essenciais da cidadania. Porventura, pode alguém permanecer insensível perante o mundo das crianças?
Dom Genival Saraiva
Bispo de Palmares - PE

Um comentário:

Marcos disse...

Comentário que respondi ao seu no meu blog.


Oi Raquel, que bom que passou aqui de novo.
Sabia que fiz esta postagem motivado pelo seu incentivo.
Devo voltar a postar sem compromisso de tempo, e sim quando me sentir motivado.
Deus lhe abençoe e te guarde.
Marcos



http://diversaosadia.blogspot.com/